Alergia de pele e calor

Introdução

Com dias cada vez mais quentes, cresce a preocupação de muitos pacientes com alergia de pele. Isso porque o calor, o aumento no tempo de exposição solar, o contato com produtos químicos como protetor solar, bronzeador e repelente e até a maior frequência de banhos e uso recorrente de sabonete podem ser estímulos para irritações na pele.

A alergia cutânea é bastante frequente e acomete pessoas de qualquer idade. Assim como outros tipos de alergia, o organismo responde com reações exacerbadas após o contato com substâncias consideradas alergênicas. Neste caso, as manifestações são na pele: lesões, ressecamento, manchas avermelhadas, inchaço e coceira estão entre os principais sintomas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) as alergias de pele ocorrem em 40% da população em todo o mundo. E, embora o calor seja um dos fatores desencadeantes de alergia, não é o único. A doença apresenta diferentes causas, sintomas e características clínicas e, por isso, é importante realizar uma detalhada investigação e avaliação com médico especialista para controle e tratamento.

O que é alergia de pele?

A alergia cutânea é caracterizada pela reação inflamatória da pele após o organismo sensível entrar em contato com algum estímulo alérgico como alimentos, medicamentos, produtos químicos, agentes presentes no ar e picadas de insetos. A inflamação pode desencadear manchas avermelhadas, coceira, pápulas e ressecamento da pele que podem ocorrer em qualquer região do corpo.

Existem diferentes tipos de alergia de pele, sendo os mais comuns a urticária, angioedema, dermatite atópica, dermatite de contato (eczema), dermatite seborreica e prurigo estrófulo.

Quais os principais tipos de alergia de pele?

As diferenças estão associadas às causas e aos sintomas apresentados. Os tipos com maiores incidências são:

• A urticária é um dos tipos mais frequentes de alergia de pele que acomete a população mundial e está relacionada com variações de temperatura, como calor ou frio intenso. Também pode estar relacionada a alergia alimentar, alergia a tecidos, pólen, medicamentos ou picadas de insetos.As principais características são as manchas vermelhas, em alguns casos com relevo (vergões) acompanhadas de coceira, que geralmente duram um dia. Nos episódios crônicos, os sinais reaparecem em outras partes do corpo e persistem por algumas semanas.

  

• A dermatite de contato, como o nome diz, está relacionada com o contato do paciente alérgico com agentes irritantes como cosméticos, sabonetes, produtos de limpeza e perfumes ou componentes como níquel, borracha e material de construção. Este tipo de alergia causa erupções cutâneas avermelhadas, bolhas e coceira, que podem evoluir para descascamento e fissuras. Embora possa se desenvolver em qualquer parte do corpo, costuma ser pior em locais com pele fina como pálpebras, dedos e pescoço.
• Angioedema é o inchaço da pele em decorrência de alergias. Costuma afetar olhos, boca e, em casos mais graves, garganta e vias aéreas, prejudicando a respiração e podendo levar à morte. Pode acontecer como reação alérgica a alimentos, medicamentos e picadas de insetos.
• Dermatite atópica, também chamada de eczema atópico, acontece por um processo inflamatório crônico da pele. Neste caso, a pele tende a perder muita água e, por isso, um dos principais sintomas é a pele seca, além de lesões com vermelhidão, que podem coçar, descamar e até formar crostas. É mais comum nas dobras dos braços e parte de trás dos joelhos, face e pescoço. Importante destacar que nem sempre a lesão aparece no local de contato. Alergia à esmalte, por exemplo, é muito comum o eczema aparecer em pescoço ou face.

  

• Dermatite seborreica provoca manchas avermelhadas e descamativas que, geralmente, aparecem no couro cabeludo, orelhas, tórax e áreas da face como sobrancelhas e cantos do nariz.
• Prurigo estrófulo é a alergia a picadas de insetos. Após a picada, o indivíduo alérgico apresenta lesões avermelhadas e coceira no local ou distante da picada.

Quais as causas de alergias na pele?

Muitas podem ser as causas para o aparecimento de lesões na pele, como estresse ou fatores emocionais e, portanto, nem sempre estão relacionados a quadros alérgicos.

Mas, quando as reações são causadas por alergias, a genética pode ser um fator desencadeante em alguns casos como de dermatite atópica ou urticária crônica. Além disso, um indivíduo com diagnóstico de alergias respiratórias têm maior predisposição para alergias cutâneas.

Porém, há vários fatores externos que podem ser estímulos para manifestação dos sintomas alérgicos. Os mais comuns são:

• Calor ou frio extremos
• Transpiração
• Picadas de insetos
• Contato com componentes químicos presentes em cosméticos e bijuterias
• Medicamentos
• Alimentos
• Contato com tecidos como lã
• Pelos de animais

Quais os sintomas da alergia de pele?

Coceira, manchas vermelhas, lesões na pele, inchaço, descamação, ressecamento, sensação de queimação, são alguns dos sintomas que podem ocorrer imediatamente após o contato com as substâncias alergênicas ou depois de algumas horas.

No entanto, cada tipo de alergia pode apresentar características específicas e evoluir de formas diferentes. A dermatite atópica, por exemplo, pode levar a mudanças na tonalidade da pele, secreções e sangramentos. Já o angioedema pode causar inchaço na face e laringe, dificultando a respiração e aumentando o risco de morte.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito pelo alergologista ou dermatologista e leva em conta a avaliação clínica, ou seja, os sinais e sintomas apresentados pelo paciente durante a consulta, e os resultados de exames e testes cutâneos.

Entre as opções, existem o teste de Prick, por exemplo, que consiste na aplicação de substâncias que podem causar alergia no antebraço do paciente. Já no teste de alergia de contato ou de alergia nas costas, o médico aplica uma certa quantidade de substância que pode ser um estímulo alérgico nas costas do paciente e observa se surge alguma manifestação cutânea.

Os testes podem ser feitos em consultório e a indicação varia de acordo com os sintomas apresentados. Em alguns casos, o teste de provocação oral, com a ingestão de alimentos possivelmente alergênicos, pode complementar a investigação e auxiliar no diagnóstico. Os exames laboratoriais também podem ser solicitados para verificação de anticorpos presentes no sangue.

Quais as opções de tratamento para alergia de pele?

Um dos principais focos do tratamento consiste em evitar o contato com a substância causadora da alergia, reduzindo assim os episódios alérgicos. Em alguns casos, ainda é indicado o uso de antialérgicos para redução de sintomas.

Os medicamentos são opções também quando não é possível evitar a interação com os estímulos alérgicos. Corticoides em formato de pomadas, cremes e comprimidos são interessantes alternativas.

Existe também a imunoterapia (popularmente conhecida como vacina antialérgica). Essa técnica permite o controle da doença e previne novas sensibilizações.

Atualmente, já existe no mercado brasileiro uma nova medicação chamada Dupilumab para tratamento de dermatites atópicas. É uma opção terapêutica segura, diferente do convencional, que usa anticorpo monoclonal para melhora das lesões de pele, coceira e reduz o risco de infecções associadas à doença. No momento, é indicada para paciente com dermatite atópica moderada-grave, que não apresentaram resposta ao tratamento com imunossupressores.

Como evitar reações alérgicas de pele?

Na maioria dos casos, a única forma de evitar reações alérgicas é evitando o causador. No entanto, algumas ações podem ajudar a manter a pele saudável, reduzindo a gravidade dos sintomas durante crises alérgicas.

• Evite banhos quentes e demorados;
• Dê preferência para sabonetes neutros e sem fragrância;
• Seque delicadamente a pele, com toalhas macias. Não esfregue a pele;
• Hidrate a pele ao menos duas vezes por dia, principalmente após o banho. E saiba qual o produto adequado para seu tipo de pele;
• Beba bastante água;
• Evite o estresse;
• Use roupas com tecidos leves como algodão;
• Escolha seus produtos cosméticos e perfumes com cuidado, observando as indicações;
• Evite a exposição ao Sol sem proteção ultravioleta.

Alergias de pele e qualidade de vida

É importante destacar que algumas alergias de pele podem trazer reações que vão além das manchas, coceira e lesões cutâneas. Algumas doenças podem impactar na qualidade de vida dos pacientes, comprometendo o lado emocional e prejudicando as relações sociais.

Isso porque as lesões podem ser motivo de transtornos de autoestima e bullying, interferindo nas atividades cotidianas do paciente. E, atenção a um detalhe importante: a falta de tratamento adequado pode agravar o quadro alérgico e os sintomas. Por isso, é fundamental buscar um médico especialista para diagnóstico e início do tratamento, amenizando os sintomas e preservando o bem-estar e qualidade de vida dos pacientes.