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Alergia Alimentar | Dra. Brianna Nicoletti

Alergia alimentar: sintomas, diagnóstico e tratamento

Alergia Alimentar é a reação adversa do organismo quando em contato com substâncias alergênicas presentes em alimentos, bebidas ou aditivos alimentares. Pode causar sintomas de pele, gastrointestinais, respiratórios e, em casos mais graves, reações anafiláticas.

Introdução

Cerca de 30% da população brasileira possui algum tipo de alergia, segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). E, entre as mais comuns, está a alergia alimentar, causada após a ingestão de substâncias alergênicas encontradas em alimentos.

Sua prevalência vem aumentando nas últimas décadas em todo o mundo e, atualmente, estima-se que cerca de 10% da população mundial sofra com esta condição. O crescimento está associado aos hábitos de vida e alimentares e o aumento expressivo no consumo de alimentos processados, com corantes e conservantes.

Embora possa acometer pessoas de qualquer idade, a condição é mais comum em crianças e as manifestações dependem do grau de sensibilização do paciente, do tipo de alérgeno e podem variar de pessoa para pessoa. Ou seja, nem todo indivíduo com alergia ao ovo, por exemplo, vai apresentar os mesmos sintomas, o que pode ser um risco já que, em casos mais graves, as alergias podem provocar reações anafiláticas e levar à morte.

Por isso, é importante saber se há um quadro de alergia, qual a causa e, principalmente, quais os sintomas mais comuns. Essas informações podem ser o ponto chave para evitar graves problemas de saúde e buscar atendimento à tempo quando uma crise alérgica surgir.

O que é Alergia Alimentar?

A Alergia Alimentar (AA) é uma desregulação do sistema imunológico, que responde de maneira adversa a determinados alimentos, aditivos alimentares ou bebidas.

O organismo do indivíduo alérgico, ao entrar em contato com a estrutura do alimento considerada imunologicamente como alergênica, responde com a produção de anticorpos, chamados de IgE, ou células, causando um processo inflamatório.

Quais os tipos de Alergia Alimentar?

As Alergias Alimentares se manifestam de diferentes formas. Por isso, as classificamos em três tipos, levando em consideração o mecanismo imunológico causador da reação alérgica. São eles: IgE mediada, Não IgE mediada e Mista.

O anticorpo IgE é produzido pelo organismo em resposta ao contato com substâncias alergênicas presentes em alimentos como camarão, frutos do mar e amendoim. Os sintomas são claros e específicos, como manifestações cutâneas e respiratórias. Neste caso, a alergia é do tipo IgE, que é medido nos testes alérgicos e exames de sangue.

Já no tipo Não IgE, os sintomas são inespecíficos, podem demorar a aparecer e, geralmente, estão associados a inflamações intestinais, com presença de vômitos, diarreia, dor de estômago e sangue nas fezes. Nestes casos, a reação ocorre por conta das células e não por anticorpos IgE. Por esse motivo, os testes e exame de IgE são negativos.

O tipo misto é quando a alergia é mediada tanto por IgE quanto por células. São exemplos clínicos deste grupo a esofagite eosinofílica, a gastrite eosinofílica, a gastrenterite eosinofílica, a dermatite atópica e asma.

A consulta inicial com informações sobre história clínica e identificação dos sintomas é essencial para investigação, detecção do tipo de alergia e início do tratamento adequado.

O que é reação alérgica cruzada?

A reatividade cruzada alérgica é um tipo de resposta inflamatória alérgica do organismo, que reconhece a presença de componentes estruturais semelhantes em fontes distintas.

Por exemplo, um paciente que é alérgico ao polén, pode apresentar reações alérgicas ao entrar em contato com frutas, pois o organismo classifica a estrutura das proteínas desses componentes como similares, mesmo que ele não seja alérgico a frutas. O mesmo pode ocorrer com fontes relacionadas como, por exemplo, leite de vaca, cabra e búfalo ou todos os crustáceos.

Saber detalhadamente do histórico clínico do paciente e realizar exames laboratoriais auxiliam no diagnóstico desta condição.

O que causa a Alergia Alimentar?

As causas da doença estão relacionadas com a predisposição genética do paciente, dieta rica em proteínas com alta capacidade alergênica e quebra dos diferentes mecanismos de defesa do trato gastrointestinal, o que pode levar à incapacidade de desenvolver tolerância oral.

Alergia Alimentar - Causas | Dra. Brianna Nicoletti

Os alimentos que comumente causam manifestações alérgicas são leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, crustáceos e peixes. Estes, são responsáveis por aproximadamente 80% dos casos de Alergia Alimentar. Frutas como o kiwi e sementes como o gergelim estão entre os alimentos que vêm apresentando aumento na prevalência das reações alérgicas. É notado ainda que, entre a população brasileira, existe uma alta sensibilização ao milho.

Quais os sintomas da alergia?

Espirros, congestão nasal ou coriza, lábios, olhos e rosto inchados, olhos vermelhos e lacrimejantes, manchas vermelhas pelo corpo, erupções cutâneas, diarreia, dores de estômago, náuseas e vômitos são os principais sintomas desse tipo de alergia.

No entanto, existem alguns sintomas que indicam gravidade alérgica, como tosse, inchaço na língua e garganta, coceira na pele, dificuldade para respirar, aumento dos batimentos cardíacos, tonturas e desmaios, sudorese, confusão, queda de pressão e chiado no peito. Nestes casos, os pacientes precisam de atendimento imediato.

Crianças também podem desenvolver a alergia?

Embora a alergia alimentar possa se manifestar em qualquer fase da vida, é mais comum na infância. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), de 6 a 8% das crianças com menos de três anos são acometidas por reações de alergias alimentares em todo o mundo.

As causas para a prevalência da doença nos pequenos estão relacionadas com o histórico familiar e a imaturidade do sistema imunológico e digestivo das crianças, que ainda estão em desenvolvimento e, por isso, estão mais vulneráveis a reações alérgicas.

É importante destacar que atrasar a introdução alimentar nas crianças não a protege do desenvolvimento de alergias. Na verdade, o ideal é seguir as instruções médicas para a inserção de alimentos na dieta dos pequenos e melhorar os hábitos familiares, incentivando o consumo de produtos saudáveis.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da Alergia Alimentar é feito com auxílio de testes de alérgenos, que conseguem identificar as substâncias que desencadeiam reações alérgicas. Atualmente, existem vários métodos de testagem que trazem resultados rápidos e seguros.

Os testes de puntura e de contato, por exemplo, são realizados diretamente na pele. Há ainda o teste de provocação, quando o paciente entra em contato com as possíveis substâncias alergênicas por ingestão, e testes laboratoriais como molecular e de IgE total e específico.

A escolha do teste é feita pelo médico, avaliando os sinais e sintomas relatados pelo paciente e qual trará as informações necessárias para o diagnóstico e início do tratamento adequado.

Teste de Puntura ou Prick Test | Dra. Brianna Nicoletti
Teste de Puntura ou Prick Test.

Quais as opções de tratamento?

O tratamento consiste na restrição do alimento, a fim de evitar reações exacerbadas do organismo e uso de medicamentos anti-histamínicos e corticoides para alívio dos sintomas, auxiliando na redução da gravidade e tempo da crise alérgica. O médico pode ainda indicar injeções de adrenalina, para reverter casos de anafilaxia após ingestão acidental de substâncias alergênicas.

É importante destacar que já existem estudos para o uso da imunoterapia para o tratamento da Alergia Alimentar. A terapia é bastante utilizada no tratamento de outros tipos de alergia, como as respiratórias, e consiste na administração das substâncias alergênicas em doses crescentes para que o organismo passe a tolera-las. Há estudos em andamento também, para o uso de imunobiológicos como forma de tratamento.

Perguntas dos Pacientes

1. Como o corpo reage a uma alergia alimentar?

Os sintomas mais comuns são espirros, inchaço nos olhos, boca e face, olhos vermelhos ou lacrimejantes, coceira, erupções e vermelhidão na pele, dores de estômago e diarreias, tosse, falta de ar, dor de cabeça e pressão baixa. Em casos mais graves, os pacientes podem apresentar dificuldade para respirar e chiado, tontura e sensação de desmaio. As crianças pequenas podem ainda apresentar sangue nas fezes. Os sintomas podem aparecer de 30 minutos até duas horas após o contato com o alimento.        

2. Quais alimentos geralmente causam alergia?

As alergias mais frequentes na infância estão associadas à ingestão de leite e seus derivados, ovos, cereais e soja. Já entre os adultos, os alimentos que mais causam reações alérgicas são os frutos do mar, peixes, amendoim e glúten. No entanto, é importante estar atento aos rótulos já que esses alimentos podem fazer parte da composição de outros produtos.

3. Quanto tempo dura os sintomas de uma alergia alimentar?

Os sintomas podem se manifestar em até duas horas após entrar em contato com o alimento considerado alergênico e podem durar de sete a dez dias.

4. A Alergia Alimentar dura para sempre?

As características de cada alérgeno (substância potencialmente causadora de alergia) são diferentes e, por isso, a duração depende do alimento em questão. Alergias que comumente se manifestam na infância, como o leite, soja, ovos e trigo, geralmente são curadas espontaneamente até a adolescência. No entanto, castanhas, amendoim, peixes e frutos do mar são considerados persistentes e dificilmente um paciente que apresenta reações alérgicas a esses alimentos têm remissão no quadro alérgico.

5. Como saber se tenho alergia ou intolerância?

A intolerância alimentar é uma condição não alérgica, caracterizada pela deficiência do organismo em produzir a enzima responsável pela digestão de determinados alimentos ou por inflamação na mucosa intestinal, dificultando a absorção. Entre os sintomas comuns estão dor no abdômen, azia, diarreia, vômito, flatulência e irritabilidade. Exames de sangue e de fezes e observação dos sintomas auxiliam o médico na investigação. Já os testes alérgicos não são eficazes para diagnóstico da intolerância alimentar.

Referências:
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI)

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